Em primeiro lugar, vamos abordar as funções dos raios ultravioleta (UV) nas aves. Quando pensamos nisso, logo lembramos da vitamina D, e de fato essa é uma das principais razões pela qual as aves necessitam desses raios, mais especificamente os raios UVB. No entanto, nas aves, esse processo ocorre de maneira diferente do que na maioria das espécies animais. Na maioria dos animais, a síntese da vitamina D3 ocorre na pele, através da exposição à luz solar, que é a fonte mais comum de raios UVB. Porém, nas aves, esse processo ocorre de forma peculiar, uma vez que sua pele é recoberta por penas, o que levou ao desenvolvimento de um mecanismo próprio.
Funciona da seguinte forma: a glândula uropigial, responsável por secretar um líquido que impermeabiliza as penas, libera junto com esse líquido uma forma precursora de vitamina D3. Quando a ave espalha o impermeabilizante nas penas, ele é exposto à luz solar e, consequentemente, aos raios UVB. Em seguida, a ave acaba ingerindo uma pequena quantidade desse líquido quando arruma pentei as penas com seu bico. Uma vez dentro do organismo, essa pré-vitamina D3 é sintetizada em vitamina D3 pelo fígado e rins.
A vitamina D3 é fundamental para a manutenção do esqueleto das aves, o que por si só já seria motivo suficiente para que sejam expostas aos raios UV. No entanto, esse não é o único motivo, embora seja pouco mencionado. Nós, seres humanos, possuímos três tipos diferentes de células em nossos olhos, chamadas cones, que captam as cores vermelho, verde e azul, formando assim uma visão tricromática, possibilitando a formação de diversas cores pela mistura dessas cores. Por outro lado, as aves possuem além desses três cones um quarto cone, que é capaz de captar a radiação UV. Alguns estudos sugerem ainda a possibilidade de um quinto tipo de cone, que poderia permitir a diferenciação entre dois tipos distintos de radiação ultravioleta (UV). Isso significa que as aves possuem comprovadamente uma visão tetracromática, ou até mesmo pentacromática. Isso significa que elas têm a capacidade de enxergar uma gama muito maior de cores do que o olho humano, mas isso só ocorre se tiverem acesso aos raios UV.
A importância dos raios UV na vida das aves é algo a se considerar. Imagine uma espécie de ave em que machos e fêmeas não possuem diferenças físicas ou de coloração, ou seja, são visualmente idênticos. No entanto, quando expostas à incidência de raios UV nas penas, essas aves podem enxergar diferentes tons de cores, o que lhes permite distinguir os sexos, algo que nós, humanos, não conseguimos perceber. Isso é fundamental para a reprodução da espécie e é de suma importância que os criadores tenham conhecimento disso. Além disso, a alimentação também pode ser afetada pelos raios UV, pois alguns alimentos expostos a esses raios podem apresentar cores mais vivas ou diferentes tonalidades, o que pode influenciar na ingestão ou não desses alimentos pelas aves.
A principal fonte de raios UV está ao alcance de todos e é gratuita: o sol, que está disponível por aproximadamente 12 horas por dia. Para as aves, é ideal que tomem banho de sol pela manhã, por volta das 8 horas. No entanto, é importante tomar precauções, como garantir que as aves tenham sempre acesso a sombras e não sejam expostas ao sol por longos períodos. É relevante destacar que vidros ou acrílicos impedem a passagem dos raios UV, portanto, a exposição solar deve ocorrer sem essas barreiras. Caso não seja possível, existem lâmpadas especiais para aves que emitem esses raios, mas é importante ter cuidado, pois lâmpadas semelhantes utilizadas para répteis não são adequadas e podem prejudicar a saúde das aves.